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  • Foto do escritorRafael Oliveira

Caminhar pode identificar doenças?



Caminhar normal

Ao olhar uma pessoa caminhar, fica difícil dizer que tal ação, tão comum, possa carregar tantas informações quando fala-se em neurociências. Alterações da marcha podem ser o prelúdio de um diagnóstico neurológico, colaborando para alcançar-se uma conclusão de maneira mais rápida e efetiva. Portanto, os olhos atentos do especialista ao perceber o paciente entrar na sala de exames é de suma relevância, sendo, interessantemente, o primeiro contato médico entre as partes. Existem diversas marchas consideradas patológicas. Umas são fáceis de serem percebidas. Outras nem tanto. Contudo, todas carregam consigo características específicas que, para um entendedor, podem ser definitivas na busca de um diagnóstico. Dentre as principais, pode-se destacar:

  • Parética ou Escarvante – O individuo arrasta a ponta dos pés, muitas vezes levantando a perna de modo espalhafatoso para evitar tal situação e desafortunados tropeços. Geralmente dá-se em injúrias de nervos periféricos.


  • Hemiplégica, Ceifante ou Todd – O indivíduo não consegue levantar o membro inferior afetado. Isso gera um movimento de semi-círculo do quadril, mantendo extendida a perna e o joelho deficientes. Comumente vista como sequela de acidente vascular cerebral.


  • Atáxica, Cerebelar ou do Ébrio – O indivíduo amplia a base de suporte no chão, abrindo, literalmente, as pernas. O desequilíbrio gera movimentos não muito sincronizados e imprecisos. Geralmente, dá-se em injúrias cerebelares.


  • Tabética ou Talonante – O individuo perda a propriocepção, isto é, passa a ter dificuldade em reconhecer a localização espacial do seu corpo. O olhar é voltado para o chão e as pernas são arremessadas para a frente chocando-se com força contra o solo. Vista na neurossífilis (neurolues).


  • Parkinsoniana – O individuo deambula com pequenos passos, de maneira lenta e arrastada. Flexiona o corpo e os membros superiores para a frente, com pouco movimento dos braços. Vista na doença de Parkinson.


  • Espástica ou em Tesoura – Ocorre uma adução das coxas, isto é, elas aproximam-se intensamente. Abaixo dos joelhos dá-se uma reacional abertura na tentativa de manter a base de sustentação. As passadas são curtas, avançando lentamente e com certa rigidez, fazendo com que as pernas quase se cruzem devido a proximidade. Daí o nome marcha em tesoura. Podem dar-se devido a lesões medulares (HTLV) ou doenças genéticas ou neurodegenerativas.


  • Anserina, Trendelenburg ou Miopática – O corpo é projetado para a frente, aumentando a lordose fisiológica lombar. O quadril sofre deslocamento para ambos os lados durante o caminhar, assemelhando-se a um pato. Pode ocorrer em doenças musculares ou durante a gestação.


  • Apráxica – Impossibilidade de executar os movimentos iniciais necessários para deambular. O indivíduo possui dificuldade em retirar os pés do chão, dando a sensação de estar grudado ao solo. A apraxia é, geralmente, secundária a lesões no lobo parietal.

Desse modo, caso você perceba alguma dificuldade para caminhar ou reconheça tais características em um familiar, procure imediatamente um médico. Ser precoce nesses momentos, pode ser fator crucial no desfecho clínico.


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