Muitas pessoas já viram um paciente com Doenca de Parkinson caminhar. Eles passam a executar uma marcha típica e bem característica. Todavia, poucos compreendem, onde inclui-se muitos medicos, como essa marcha se desenvolve. Para começar a entendê-la, é de suma importância compreender um pouco sobre o controle postural de nosso corpo. Até porque uma das características marcantes da Doenca de Parkinson é a instabilidade postural. Fukunaga JY et al avaliaram o controle postural em pacientes com Doença de Parkinson. Poderaram que o equilíbrio postural pode ser definido como a capacidade do ser humano em manter-se ereto e executar movimentos do corpo sem apresentar oscilações ou quedas. Sua manutenção é determinada pela integração de informações no sistema nervoso central, provenientes dos sistemas vestibular, visual e proprioceptivo, que desencadeiam reflexos oculares e espinais. Em pacientes com Doença de Parkinson avançada o caminhar poderá ser afetado. E a marcha parkinsoniana (ou festinante) é típica dessas circunstâncias. Por definição a marcha festinante é caracterizada por um caminhar com redução no comprimento dos passos e na velocidade associada a hipocinesia, momentos de “congelamento” e deslocamento anterior do centro de gravidade. Supõe-se que ela seja causada por uma alteração do centro de pressão e centro de massa, ocasionando a redução das respostas de equilíbrio. Merello M et al determinaram que o centro de pressão da postura corporal (COP) é o ponto onde as forças verticais do corpo são aplicadas em reação ao contato dos pés com o solo. Já o centro de massa do corpo (COM) é o ponto onde as forças de gravidade atuantes são aplicadas sobre o corpo. Ambas possuem atuação no equilibrio da pessoa. Quando ocorrem deslocamentos patológicos dos eixos normais dessas forças, pode ocorrer desequilibrio e quedas (Merello M, Fantacone N, Balej J. Kinematic study of whole body center of mass position during gait in Parkinson's disease patients with and without festination. Mov Disord. 2010;25:739–46). Bloem et al concluíram que individuos que por alguma razão possuem postura curvada acabam deslocando os eixos do COP e do COM o que favorece o desequilibrio. Portanto, em virtude da alteração postural secundária a curvatura do tronco (camptocormia) vista na Doença de Parkinson avançada, a marcha festinante ocorre como uma tentativa do sistema postural de alinhar os eixos da COP com o COM e evitar as quedas. Pode-se concluir então que o desequilibrio associado ao parkinsonismo grave deve- se a uma alteração vetorial que, muitas vezes, acaba por não ser corrigida pela característica marcha festinante. Ou seja, o tipico caminhar de um paciente com Doença de Parkinson é uma tentativa de corrigir os eixos de forças para evitar quedas geradas pela instabilidade postural.
A marcha parkinsoniana ou festinante
Atualizado: 14 de out. de 2023
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