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Ultrassonografia Transcraniana de Substância Negra

  • Foto do escritor: Rafael Oliveira
    Rafael Oliveira
  • 9 de jun.
  • 2 min de leitura
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Clinicamente, a Doença de Parkinson é caracterizada por rigidez “em roda denteada”, tremor de repouso (sinal mais comum), bradicinesia (sinal mais importante e incapacitante) e instabilidade postural (não associada a disfunções primárias visual, cerebelar, proprioceptiva e vestibular). De acordo com United Kingdom Parkinson’s Disease Society Brain Bank, a suspeita dessa doença deve ser levantada na presença de bradicinesia associada a pelo menos um dos sinais clínicos descritos anteriormente e com a exclusão de diversas causas de parkinsonismo. Todavia, na prática, trata-se de um diagnostic dificil de ser firmado ainda mais quando há a necessidade de diferenciar as sindromes parkinsonianas. Até porque, tomografia e ressonância não são exames complementares muito úteis nessa diferenciação. Nesse contexto, surge como método auxiliar diagnóstico, a ultrassonografia transcraniana da substância negra. O emprego dessa técnica baseia-se no princípio de que alterações morfofuncionais e da composição química das estruturas encefálicas associadas a distúrbios de movimento podem levar a modificações de sua ecogenicidade. Tal procedimento tem sido considerado sensível e confiável na detecção de anormalidades dos gânglios da base do encéfalo.

A hiperecogenicidade da substância negra mesencefálica, definida pela maioria dos autores como aumento da área ecogênica da região, é um sinal que ocorre na maioria dos casos de Doença de Parkinson idiopática (mais de 90%) e indica comprometimento funcional do sistema dopaminérgico nigroestriatal. A hiperecogenicidade da substância negra maior que 0,20 cm2 está presente uni ou bilateralmente em pacientes com a mazela, é mais extensa contralateralmente ao lado do corpo mais sintomático, permanece estável durante a evolução da doença e está clinicamente associada à rigidez e à bradicinesia (Berg D, Merz B, Reiners K, Naumann M, Becker G. Five-year follow-up study of hyperechogenicity of the substantia nigra in Parkinson’s disease. Mov Disord. 2005;20(3):383-5). Estudos sugerem que, quanto maior a área ecogênica da substancia negra, mais precoce é o início da doença e mais lenta sua progressão (Schweitzer KJ, Hilker R, Walter U, Burghaus L, Berg D. Substantia nigra hyperechogenicity as a marker of predisposition and slower progression in Parkinson’s disease. Mov Disord. 2006;21(1):94-8). Esse achado tem sido considerado um marcador biológico para o diagnóstico precoce da mazela e não um marcador de progressão da doença. Outras condições nas quais a hiperecogenicidade da substância negra ocorre incluem: indivíduos com mutação do gene da parkina, degeneração corticobasal, demência com corpos de Lewy e ataxias espinocerebelares.

Outra função importante da ultrassonografia na Doença de Parkinson diz respeito a verificação de possíveis candidatos a desenvolver a mazela. Estudos sugerem que indivíduos saudáveis com aumenta da área da substância negra reconhecida via ultrassonografia apresentam risco aumentar de desenvolver Parkinson (Berg D, Seppi K, Behnke S, et al. Enlarged sub- stantia nigra hyperechogenicity and risk for Parkinson disease: a 37-month 3-center study of 1847 older persons. Arch Neurol. 2011;68:932– 7). Portanto, uma alteração ecográfica pode ser um marcador de risco da patologia (Stern MB, Lang A, Poewe W. Toward a redefini- tion of Parkinson’s disease. Mov Disord. 2012; 27:54–60). Portanto, trata-se de um exame de fácil acesso que pode contribuir muito em um diagnóstico mais preciso da Doença de Parkinson.

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Dr Rafael Oliveira
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