O cérebro é envolto e protegido por membranas chamadas de meninges e por um liquido chamado de liquido cefalorraquidiano ou, simplesmente, líquor. Por definição, trata-se de um liquido límpido, descrito como semelhante a “água de rocha”. As fístulas liquóricas ocorrem quando esse líquido, por algum motivo, passa a sair do compartimento craniano através, principalmente, do nariz ou dos ouvidos. Geralmente, identifica-se três tipos principais de fístulas liquóricas:
· Fístulas liquóricas espontâneas;
· Fístulas liquóricas pós traumáticas;
· Fístulas liquóricas pós cirúrgicas.
As fístulas liquóricas espontâneas geralmente ocorrem em pacientes com mais de 30 anos de idade e tem um inicio insidioso. Possuem tendência a ser intermitentes, podendo estar associadas a hidrocefalia, a sela túrcica vazia, a tumores ou a agenesia de fossa anterior. Não é incomum que os pacientes desenvolvam meningite.
Já as fístulas liquóricas pós traumáticas são as mais comuns. Podem ocorrer em até 3% dos pacientes que apresentam história de traumatismo cranioencefálico (TCE). Todavia, em 70% dos casos, a rinorréia cessa dentro de 1 semana. Desse modo, trata-se, então, de uma condição potencialmente limitada.
As fístulas liquóricas pós procedimento cirúrgico estão relacionadas a cirurgia craniana prévia.
Os exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico assim como a clinica de rinorréia ou otorréia. O uso de antibiótico profilático na expectativa de evitar possíveis meningites é controverso, não sendo recomendado para todos os pacientes.
Frente a um caso de fístula liquórica, grande parte dos profissionais tem a tendência a optar, inicialmente, pela terapia conservadora. Essa engloba, basicamente, medicamentos para reduzir a produção de liquor como a acetazolamida ou a instalação de uma derivação lombar para reduzir a pressão liquórica intracraniana. Já o tratamento cirúrgico é reservado para:
· Fístulas liquóricas traumáticas com duração maior do que 2 semanas e que não respondem a terapias conservadoras;
· Fístulas liquóricas espontâneas por sua alta taxa de recidivas.
Independente da origem, trata-se de uma condição com considerável gama de manejos disponíveis e com bom prognóstico que, de modo geral e após tratada, não interfere na funcionalidade dos pacientes.
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