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Azul de metileno e o cérebro


Azul de metileno e o cérebro
Azul de metileno e o cérebro

    O cloreto de metiltionínio ou azul de metileno é um medicamento indicado para o tratamento de certos tipos de envenenamento. Todavia, existem estudos que passaram a investigar a sua atuação a nível cerebral. Isso porque sabe-se que, em baixas doses (1 a 4mg/kg), pode atravessar a barreira hematoencefálica devido a sua grande lipofilicidade e com seu poder de auto-oxidação reduz a toxicidade celular induzida por radicais livres (1). Outro ponto de possível atuação encefálica do azul de metileno se dá a nível de um neurotransmissor chamado de ácido gama aminobutírico (GABA) (3). Estudos sugerem que tal substância pode bloquear de maneira reversível as correntes neuronais dependentes do GABA (3). Assim, embora ainda não se saiba definir com precisão todas as possíveis interferências do azul de metileno nas cadeias neurológicas, esse composto possui certas características que podem exercer algum efeito benéfico a nível neuronal. Para estabelecer essa possível relação, vamos aos famosos ensaios clínicos randomizados.

    Um ensaio clinico randomizado de 2017 avaliou a interação do azul de metileno no cérebro de 28 participantes. A conclusão foi que, em baixas doses, o azul de metileno aprimora as redes neuronais vinculadas a tarefas (2). Em outras palavras, baixas doses de azul de metileno influenciam de forma positiva na conectividade visual, na coordenação motora e na memória de trabalho (2).

    Um outro ensaio clinico randomizado de fase II focou mais na associação do azul de metileno com a memória e estudou a relação de tal substância com a Doença de Alzheimer. Com uma dose de 138mg ao dia foram verificados benefícios cognitivos em casos leves e moderados (4). Supõe-se que haja alguma interferência do azul de metileno na proteína TAU, envolvida na fisiopatologia da mazela neurológica.

    Considerando o azul de metileno um possível componente favorável no manejo da Doença de Alzheimer, foram delineados ensaios clínicos randomizados de fase III que analisaram o efeito de uma forma reduzida e com menos efeitos adversos conhecida por hidrometanossulfonato de leuco metiltionínio ou LMTM. O estudo foi feito com 891 participantes. Todavia, os resultados não foram satisfatórios e não foram identificados benefícios com o uso de LMTM em Alzheimer leve e moderado (5).

    Podemos observar que existem diversos focos de pesquisas querendo descobrir benefícios do azul de metileno em doenças neurológicas. Sabe-se que esse composto interage na conectividade neuronal e com determinadas proteínas associadas a mazelas extremamente debilitantes. Entretanto, na prática, ainda não se obteve uma certeza robusta de que a administração dessa substância realmente possa melhorar a vida de vários pacientes.

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