Aneurismas de artéria carótida extracraniana
- Rafael Oliveira
- há 1 dia
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Anatomicamente, a artéria carótida comum está localizada no pescoço e se divide em dois ramos principais: a artéria carótida interna e a artéria carótida externa. A carótida interna segue em direção ao crânio para irrigar o cérebro (região intracraniana) enquanto a carótida externa supre estruturas da cabeça e pescoço (extra craniana). Tanto quanto qualquer artéria do corpo humano, a carótida interna extracraniana pode ser afligida por aneurismas. Aneurisma nada mais é que uma dilatação do vaso fato esse que favorece catastróficos rompimentos. Segundo Cury M et al os aneurismas dos troncos supra-aórticos (ou seja, da carótida extracraniana) são condições raras, correspondendo de 0,4 a 4% dos aneurismas (Cury M, Greenberg RK, Morales JP, Mohabbat W, Hernandez AV. Supra-aortic vessels aneurysms: diagnosis and prompt intervention. J Vasc Surg. 2009;49(1):4-10). Etiologicamente, podem ser resultado de alterações degenerativas e ateroscleróticas, pós-traumáticos, pós-endarterectomia, displasia arterial ou estar relacionados a infecção, irradiação ou cirurgia cervical (De Luccia N, da Silva ES, Aponchik M, Appolonio F, Benvenuti LA.Congenital external carotid artery aneurysm. Ann Vasc Surg. 2010;24(3):418e7-10). Atualmente, a etiologia aterosclerótica é a mais frequentemente relatada, correspondendo a 40 a 70% dos casos. Estes aneurismas tendem a ser fusiformes e compreendem habitualmente a bifurcação carotídea. Se presentes, podem ser assintomáticos ou causar sintomas como massa pulsátil no pescoço, dor cervical, disfagia, rouquidão, ou eventos embólicos (como AVC). Ou seja, aneurismas extracranianos de artéria carótida podem evoluir com injúrias vasculares cerebrais. O diagnótico de tais lesões é dado por exames de imagem. A ferramenta diagnóstica padrão ouro para isso é a angiografia cerebral convencional. A angiotomografia tem sido uma ferramenta de diagnóstico de rotina, fornecendo detalhes anatômicos extravasculares que podem ser utilizados para planejar a abordagem cirúrgica. A angiografia por ressonância magnética (ARM) também é outra ferramenta diagnóstica útil, com a vantagem de evitar a exposição à radiação ionizante e ao contraste iodado.
Garg et al apontam as cinco opções básicas de tratamento de aneurismas da artéria carótida interna extracraniana (Li Z, Chang G, Yao C, Guo L, Liu Y, Wang M, et al. Endovascular stenting of extracranial carotid artery aneurysm: A systematic review. Eur J Vasc Endovasc Surg. 2011;42:419–26. doi: 10.1016/j.ejvs.2011.05.008).
1) Clipagem do aneurisma
2) Excisão com anastomose primária
3) Excisão com enxerto de interposição
4) Bypass extracraniano-intracraniano
5) Ligadura da carótida
Já Macina AS et al definem que o tratamento pode ser cirúrgico ou endovascular (Macina AS, Vidjak V, Erdelez L, Suknaić S, Gasparov S, Novacić K. Open surgical and endovascular treatment of extracranial internal carotid artery aneurysms. Perspect Vasc Surg Endovasc Ther. 2009 Sep;21(3):181-5. doi: 10.1177/1531003509347383. Epub 2009 Dec 3. PMID: 19965787). Attigah, N. et al afirmam que aneurismas grandes (de modo geral maiores que 2 cm), sintomáticos, que comprimem estruturas adjacentes, que possuem indicios de ruptura iminente ou em casos onde o tratamento endovascular não é viável a cirurgia aberta é uma boa alternativa. (Surgical therapy of extracranial carotid artery aneurysms: long-term results over a 24-year period.” European Journal of Vascular and Endovascular Surgery, 37(3), 277-283). Já Ekeström S et al ponderam que aneurismas sem crescimento ou em idosos pode se optar por terapia conservadora. Já os sintomáticos podem ser intervidos (Ekeström S, Bergdahl L, Huttunen H. Extracranial carotid and vertebral artery aneurysms. Scand J Thorac Cardiovasc Surg. 1983;17(2):135-9. doi: 10.3109/14017438309109877. PMID: 6612257), sendo essa a mesma postura de Liapis, C. D et al. (Extracranial carotid artery aneurysms: A literature review and management strategies.” European Journal of Vascular and Endovascular Surgery, 38(5), 512-519. e Welleweerd, J. C., et al. (2015). “Management of extracranial carotid artery aneurysm.” European Journal of Vascular and Endovascular Surgery, 50(2), 141-147), principalmente se forem aneurismas pequenos, assintomáticos e sem crescimento rápido. É possível perceber que não existe consenso sobre a terapia de aneurismas de artéria carótida interna extracraniana. Alguns autores sugerem que intervir com métodos cirúrgicos ou endovasculares é o melhor caminho. Outros defendem a tese de que terapia observacional é a melhor escolha. Portanto, a terapia adotada dependerá, exclusivamente, da opção medica juntamente com seu paciente.