Levetiracetam e sua bula
- Rafael Oliveira
- 14 de out. de 2016
- 2 min de leitura

Atualmente, diversos novos anti-convulsivos surgem prometendo melhor controle das crises com índices mais reduzidos de efeitos adversos. O levetiracetam é um fármaco contra epilepsia com sua engrenagem de ação ainda não muito bem esclarecida. Como todas as drogas mais modernas, o SUS ainda não a disponibiliza, e, pela situação atual da saúde brasileira, talvez nunca ofereça gratuitamente á população. A bula de tal medicamento o recomenda para crises convulsivas parciais, como monoterapia ou combinado, bem como para episódios mioclônicos ou tônico-clônicos generalizados. Todavia, a literatura científica não corrobora com as indicações sugeridas pelo vendedor do produto. O Cochrane Database of Systematic Reviews publicou em 2001 uma completa análise sobre tal medicamento (6). E a conclusão foi de que o levetiracetam é útil em terapia combinada para crises convulsivas parciais. Porém, tal definição não possui embasamento para generalizá-la para uso em monoterapia ou para outros tipos de epilepsia. Em 2012, esse artigo foi revisado, com a complementação e o ajuste feitos com novos trabalhos sobre o assunto. A conclusão manteve-se a mesma (7). Dessa maneira, a ciência somente determina prescrever tal fármaco em crises parciais refratárias, associado a outras drogas (2).
Muitos artigos sugerem o uso de tal medicamento para outros fins. Um deles seria para a prevenção da enxaqueca. Ele atuaria reduzindo a frequência dos quadros dolorosos (1). Outro foco terapêutico seria dores neuropáticas. Contudo, estudos afirmam que o levetiracetam não possui benefícios comprovados no controle dessas condições álgicas (3, 4, 5). Dessa maneira, acho de relevante importância destacar a imprescindível necessidade de analisar-se artigos gabaritados antes de passar a rotina de prescrever novos fármacos. Muitas vezes, profissionais procuram nas bulas a orientação para iniciar um novo tratamento. E isso pode conduzir-nos a erros terapêuticos grosseiros.
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