A Tomografia de crânio ainda segue sendo o exame inicial mais acessível em pacientes com suspeita de AVC isquêmico. Isso faz com que a sua interpretação se torne fundamental no diagnóstico e na perspectiva de iniciar a terapia mais apropriada.
A imagem da tomografia é obtida através de um conjunto de pontos denominados de voxel. O número total de voxel determina a resolução da imagem. A cor de cada voxel irá depender da densidade do tecido cerebral analisado. Isso é chamado de coeficiente de atenuação (CA). A unidade de medida do CA é a unidade de Hounsfield (UH). O tecido cerebral varia entre 0 e 50 UH. Uma boa tomografia tem a capacidade de diferenciar uma mudança de densidade a partir de 4 UH. Mesmo assim, é de praxe utilizar como auxílio na interpretação do exame a comparação com o lado cerebral contra lateral. Quando ocorre um AVC isquêmico se dá um aumento de líquido intracelular. Em outras palavras, ocorre um edema celular. Ao se elevar a quantidade de água dentro de um tecido, esse vai perdendo UH. A cada 1% de aumento de água ocorre uma redução da densidade de 2 a 3 UH. Para melhor exemplificar, haverá uma redução de 8 UH na tomografia, mais ou menos, 4 horas após a oclusão de um grande vaso. Entretanto, um bom observador analisando um bom exame consegue ver alterações tomográficas nas primeiras 6 horas após o início dos sintomas. Portanto, nas primeiras horas pós AVC isquêmico é possível que:
A tomografia esteja normal;
Exista sinais sugestivos de edema isquêmico (perda de contorno da substância cinzenta comparando com o lado contralateral);
Exista o sinal da artéria hiperdensa (geralmente artéria cerebral média);
Exista edema cerebral visível pelo apagamento dos sulcos corticais.
Apesar de ser um exame que não demonstre alterações em isquemias hiperagudas a tomografia segue sendo muito utilizada pela faciliade e rapidez de obtenção das imagens e pelo fato de que uma terapia medica não envolve somente um exame complementar mas também a soberana clinica neurológica.
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