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Foto do escritorRafael Oliveira

Barreira HematoEncefálica (BHE)


Muitos especialistas falam diariamente sobre a barreira hematoencefálica mas nem todos sabem o que ela significa e onde está exatamente localizada. A grosso modo, a barreira hemato encefálica é uma “unidade neurovascular” localizada nos capilares e nas microveias cerebrais, região onde são feitas as trocas sanguíneas encefálicas. A BHE não é encontrada no plexo coróide, na hipófise e nos recessos pineal e pré óptico e é composta por:


· Endotélio neurovascular;

· Membrana basal;

· Neurônios;

· Estruturas neurogliais (astrócitos, pericitos e micróglia).


Desses, o que merece maior análise são os pericitos. Tratam-se de células de tecido conectivo contrátil localizados nas paredes dos capilares sanguíneos cerebrais. Têm por função atuar juntamente com os macrófagos ativando respostas imunes para defender a passagem pela BHE. Ademais, influenciam no fluxo sanguíneo e inibem a produção de substâncias que alteram a permeabilidade vascular. Portanto, são células indispensáveis a função de tal sistema protetor.

Microscopicamente, a BHE é formada por uma camada microvascular de células endoteliais muito justapostas formando estreitas passagens chamadas de “junções de oclusão”. Essas junções representam a característica mais marcante da barreira. Formam uma camada protetiva composta por várias moléculas adesivas ligadas a proteínas.

Para desempenhar suas constantes funções, as células endoteliais da BHE possuem maior quantidade de mitocôndrias quando comparadas as células periféricas. Esse fato demonstra alta necessidade de energia celular para manter a BHE ativa. Além disso, a BHE possui um sistema enzimático de vigilância que metaboliza drogas e outras substâncias antes de elas atravessarem o seu intimo bloqueio. Esse sistema é composto pelos:


· Υ – glutamil transpeptidase;

· Fosfatase alcalina;

· Ácido descarboxilase


O transporte através da BHE pode se dar de quatro formas:


1) Difusão simples – Transporte por alteração do gradiente de concentração.


2) Difusão facilitada – Substâncias se ligam a proteínas da membrana e se movem através da barreira por alteração do gradiente de concentração.


3) Difusão simples por canais aquosos – Íons e solutos carregados utilizam tal sistema.


4) Transporte ativo via carreadores protéicos – Mecanismos onde os solutos atravessam a barreira contra um gradiente


E os compostos regularmente transportados através da barreira são:


· Glicose;

· Amino ácidos;

· Neurotransmissores;

· Íons e água;

· Lipoproteínas;

· Leucócitos.


Diversos tratamentos focados em mazelas do Sistema Nervoso Central necessitam vencer a BHE. Todavia, nem todas as terapias possuem tal habilidade. Desse modo, a indústria farmacêutica utiliza “modificações nas drogas” o que as torna capazes de atravessar a barreira. Os métodos mais usados são as “conjugação lipofílicas” e a “conjugação a moléculas bioativas”.

Várias patologias possuem a capacidade de comprometer o pleno funcionamento da BHE como tumores cerebrais, infecções, traumas, acidentes vasculares e encefalopatias. E o edema cerebral pode ser resultado de tal comprometimento. Existem, basicamente, três tipos de edemas:


1) Citotóxico – A barreira permanece fechada não havendo extravasamentos. Portanto não há contraste em exames de imagem (visto em traumas);


2) Vasogênico - Ruptura da barreira. Há extravasamento o que pode permitir a visualização de contraste em exames de imagem (visto em tumores);


3) Isquêmico – A barreira está fechada incialmente mas depois pode abrir.


Portanto, é possível perceber que a BHE tem por função proteger o Sistema Nervoso Central, selecionando as substâncias que terão contato direto com cérebro. A sua ruptura pode acabar gerando severos danos a rede neuronal.

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